A alergia aos mariscos é uma condição imunológica que ocorre quando o sistema de defesa do organismo reage de forma exagerada a certas proteínas presentes nos mariscos. Essa reação pode causar sintomas que variam desde os mais leves até os mais graves, podendo colocar a vida do indivíduo em risco. Dentre os mariscos, o camarão é o mais frequentemente associado a essas reações alérgicas, especialmente devido ao seu consumo elevado em diversas populações, como a portuguesa. No entanto, diversos outros tipos de marisco também podem causar alergias. A seguir, veja detalhadamente os diferentes tipos de mariscos, os sintomas da alergia, suas causas e as opções de tratamento.
Tipos de marisco
O termo “marisco” refere-se a uma grande variedade de animais marinhos comestíveis, principalmente invertebrados aquáticos. Esses animais são amplamente consumidos em diversas culturas, especialmente em Portugal, e incluem três grandes grupos:
- Crustáceos
Os crustáceos são mariscos com exoesqueleto, pertencentes à classe dos artrópodes. Alguns exemplos incluem:- Gamba / Camarão
- Lagosta
- Lagostim
- Percebes
- Sapateira
- Caranguejo
- Santola
- Lavagante
- Moluscos
Os moluscos são animais sem espinha e com corpos geralmente moles. Eles podem ser classificados em três categorias:- Moluscos bivalves: como amêijoa, mexilhão, berbigão, vieira e ostra.
- Moluscos cefalópodes: incluindo lula, polvo e choco.
- Moluscos univalves ou gastrópodes: como lapa, búzios, caramujo e caracol.
- Equinodermes
O ouriço-do-mar é um exemplo de equinodermo que também pode ser considerado marisco, embora não seja tão comum na alimentação.
Causas da alergia ao marisco
A principal causa da alergia aos mariscos está relacionada a uma proteína chamada tropomiosina, presente nos crustáceos e moluscos. Essas proteínas são termoestáveis, ou seja, não se decompõem com o calor. Isso implica que cozinhar ou grelhar o marisco não garante a eliminação do potencial alergênico. Além disso, as tropomiosinas também estão presentes em outros animais, como os ácaros, o que pode causar o fenômeno de síndrome de reatividade cruzada. Nesse caso, uma pessoa alérgica aos ácaros pode, eventualmente, desenvolver alergia ao marisco.
Outro fator a ser considerado é o parasita Anisakis simplex, que pode contaminar os mariscos e peixes. Embora o Anisakis cause reações alérgicas, é fundamental diferenciá-lo das reações causadas pelas proteínas do marisco em si.
Sintomas da alergia ao marisco
A alergia ao marisco pode se manifestar de diversas formas, com sintomas que variam de leves a graves. Geralmente, os sintomas surgem minutos após a ingestão do marisco ou até mesmo com a inalação dos vapores de cozedura. Os principais sintomas incluem:
- Sintomas cutâneos: Coceira, urticária (manchas vermelhas), inchaço na face, olhos e garganta.
- Sintomas respiratórios: Espirros, congestão nasal, tosse, dificuldade para respirar e rouquidão.
- Sintomas gastrointestinais: Dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia.
- Sintomas graves: Em casos mais graves, pode ocorrer anafilaxia, uma reação alérgica severa que afeta vários órgãos e pode levar à morte. A dificuldade para respirar e o inchaço na garganta são sinais indicativos de anafilaxia.
É importante notar que o diagnóstico da alergia ao marisco deve ser feito por um alergologista, que pode solicitar exames de sangue e testes cutâneos para confirmar a presença de anticorpos IgE específicos.

Tratamento da alergia ao marisco
Atualmente, a única forma eficaz de tratar a alergia ao marisco é evitar completamente o consumo desses alimentos. Para pessoas com alergia grave, é essencial evitar também os vapores que emanam durante o processo de cozedura, o que pode ser difícil em ambientes como marisqueiras e restaurantes especializados. Algumas medidas a serem adotadas incluem:
- Afastamento total dos mariscos: Pessoas alérgicas devem evitar não apenas o consumo direto de mariscos, mas também alimentos que possam estar contaminados com traços de marisco. Isso inclui pratos preparados com caldos de mariscos ou molhos que contenham seus ingredientes.
- Uso de medicamentos: Antihistamínicos e corticosteroides podem ser usados para aliviar os sintomas leves. Em casos graves, onde há risco de anafilaxia, é recomendado o uso de adrenalina por meio de canetas de epinefrina, que devem ser carregadas pelos alérgicos em caso de emergência.
- Consultas com o alergologista: A pessoa alérgica deve consultar periodicamente um especialista para revisar e ajustar as medidas de prevenção.
Diagnóstico e cuidados preventivos
O diagnóstico da alergia ao marisco envolve uma análise cuidadosa dos sintomas, exame físico e testes específicos, como o teste cutâneo e os exames de sangue. Em casos mais complexos, pode ser necessário realizar o teste de provocação oral, onde pequenas doses do alérgeno são administradas para verificar a resposta do organismo.
Prevenção é fundamental para quem sofre de alergia alimentar. Além de evitar mariscos em todas as suas formas, as pessoas alérgicas devem estar atentas a alimentos que possam conter vestígios de marisco, como molhos e pratos preparados com caldo de marisco. A conscientização de familiares, amigos e responsáveis por restaurantes é fundamental para evitar reações alérgicas.