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A gestação é um período que requer atenção redobrada em todos os aspectos de saúde, e o uso de medicamentos é um dos cuidados mais importantes. Muitas substâncias que podem ser seguras para o público em geral apresentam riscos para gestantes e para o desenvolvimento do bebê.

Em especial, a automedicação na gravidez pode trazer sérias complicações, e mesmo remédios de venda livre podem ser prejudiciais. Nesta matéria, será abordado os cuidados com medicamentos na gravidez, os riscos da automedicação e orientações sobre o que fazer em casos de uso contínuo de remédios.

A importância dos cuidados com medicamentos na gravidez

Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por mudanças significativas que podem alterar a absorção, distribuição e eliminação de medicamentos. A redução na motilidade intestinal, por exemplo, faz com que os fármacos sejam absorvidos mais lentamente. Além disso, o aumento na distribuição de substâncias pelo organismo pode fazer com que algumas medicações alcancem o bebê, afetando seu desenvolvimento.

Por isso, o uso de medicamentos na gravidez deve ser sempre orientado por um médico. Especialmente durante o primeiro trimestre, a ingestão de qualquer remédio requer precauções, pois é nessa fase que ocorre a formação dos órgãos e tecidos do embrião, aumentando os riscos de malformações.

Riscos da automedicação na gravidez

A automedicação é um hábito comum, mas é extremamente perigoso durante a gravidez. De acordo com o Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), sete em cada dez brasileiros tomam medicamentos sem prescrição médica. Entre as gestantes, no entanto, a prática deve ser totalmente evitada. Mesmo remédios aparentemente inofensivos, como analgésicos e anti-inflamatórios, podem trazer complicações graves, incluindo malformações, hemorragias e até aborto.

Portanto, qualquer medicamento deve ser prescrito por um profissional que avaliará os benefícios e riscos específicos para a saúde da mãe e do bebê.

Categorias de medicamentos na gravidez

O FDA (Food and Drug Administration) classifica os medicamentos em categorias que indicam o grau de segurança durante a gravidez:

Essa classificação ajuda os médicos a escolherem medicamentos mais seguros para gestantes, priorizando aqueles nas categorias A e B e evitando os da categoria X.

Medicamentos controlados e doenças crônicas

Para mulheres que necessitam de medicamentos controlados, como aquelas que têm diabetes, epilepsia ou hipertensão, o ideal é planejar a gravidez junto ao médico. Se a gravidez não foi planejada, a paciente deve informar seu ginecologista sobre o uso desses medicamentos o quanto antes. O médico avaliará o risco-benefício e, quando necessário, poderá ajustar as dosagens ou substituir os remédios por opções mais seguras.

Ajustes na dosagem são essenciais, pois o organismo da gestante reage de maneira diferente, absorvendo e eliminando substâncias em ritmos variados.

Fitoterápicos e plantas medicinais

Muitas gestantes recorrem a remédios fitoterápicos acreditando serem alternativas mais seguras. No entanto, o uso de plantas medicinais também pode trazer riscos, já que muitas contêm substâncias que causam contrações uterinas ou até malformações no feto. Portanto, o uso de fitoterápicos também exige prescrição médica, pois alguns compostos naturais podem ser tão perigosos quanto os medicamentos tradicionais.

O uso de plantas medicinais na gravidez também pode trazer riscos, já que muitas contêm substâncias que causam contrações uterinas ou até malformações no feto. imagem: Freepik
O uso de plantas medicinais na gravidez também pode trazer riscos, já que muitas contêm substâncias que causam contrações uterinas ou até malformações no feto. imagem: Freepik

Medicamentos comuns que devem ser evitados

Alguns medicamentos de uso comum podem ter efeitos prejudiciais na gravidez e devem ser evitados. Abaixo, alguns exemplos:

  1. Anti-hipertensivos: Medicamentos como captopril e enalapril são contraindicados, pois aumentam o risco de malformações fetais.
  2. Anticonvulsivantes: Substâncias como carbamazepina e fenobarbital têm alto risco de causar anomalias no bebê. A dose precisa ser monitorada para minimizar riscos.
  3. Retinóides Sistêmicos: Usados no tratamento de acne e psoríase, os retinóides são altamente teratogênicos, sendo responsáveis por deformidades graves no feto.
  4. Antibióticos: A tetraciclina, por exemplo, pode causar anomalias ósseas e dentárias no bebê. Já outros antibióticos, como a amoxicilina, são considerados seguros e podem ser prescritos em situações de necessidade.
  5. Analgésicos e Anti-inflamatórios: O uso de medicamentos como ibuprofeno e aspirina sem indicação médica pode provocar complicações, incluindo aborto e problemas respiratórios no feto.

O impacto da Talidomida: Um exemplo histórico

O caso da talidomida nos anos 1950 e 1960 mostra a importância da precaução com medicamentos na gravidez. Usada para tratar náuseas em gestantes, a talidomida resultou em milhares de bebês com malformações graves, como ausência de membros. Esse episódio levou a uma regulamentação rigorosa sobre medicamentos para gestantes, enfatizando a necessidade de cautela e supervisão médica.

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