O Sistema Único de Saúde (SUS) dá um passo importante no planejamento familiar brasileiro. A partir do segundo semestre de 2025, mulheres de todo o país terão acesso gratuito ao Implanon, um implante contraceptivo que custa entre R$ 2 mil e R$ 4 mil na rede privada. O anúncio, feito pelo Ministério da Saúde em 3 de julho de 2025, prevê investimento de R$ 245 milhões para distribuir 1,8 milhão de dispositivos até 2026.
A medida beneficiará inicialmente 500 mil mulheres ainda neste ano, marcando a primeira vez que um contraceptivo hormonal de longa duração será amplamente disponibilizado na rede pública brasileira. Com duração de três anos e taxa de eficácia superior a 99%, o método representa uma alternativa moderna aos contraceptivos tradicionais já oferecidos pelo SUS.
Como funciona o implante contraceptivo
O Implanon é um pequeno dispositivo flexível, do tamanho de um palito de fósforo. Com 4 centímetros de comprimento e 2 milímetros de diâmetro, ele é inserido sob a pele do braço através de um procedimento simples e rápido.
O mecanismo por trás da eficácia
O implante libera continuamente pequenas doses de etonogestrel, um hormônio sintético similar à progesterona. Essa liberação constante:
- Impede a liberação de óvulos pelos ovários
- Torna o muco cervical mais espesso, dificultando a passagem de espermatozoides
- Modifica o revestimento uterino
A combinação desses efeitos resulta em uma proteção contraceptiva que dura três anos, sem necessidade de ação diária da usuária.
Números que impressionam
Dados científicos mostram que menos de 1 mulher em cada 1.000 engravida usando o Implanon corretamente. Para efeito de comparação:
- Pílula anticoncepcional: 90 gravidezes a cada 1.000 mulheres por ano (uso típico)
- Preservativo masculino: 180 gravidezes a cada 1.000 mulheres por ano (uso típico)
- DIU de cobre: 8 gravidezes a cada 1.000 mulheres por ano
Por que o Implanon foi escolhido para o SUS
A decisão de incorporar o Implanon ao SUS passou por rigorosa análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec). Vários fatores pesaram na escolha deste método específico, confira a seguir:
Eficácia comprovada internacionalmente
Países como Reino Unido, França e Austrália já oferecem o implante em seus sistemas públicos há mais de duas décadas. Os resultados são consistentes:
- Redução significativa de gestações não planejadas
- Alta satisfação entre as usuárias
- Custo-benefício favorável a longo prazo
Praticidade para o sistema de saúde
Uma vez aplicado, o Implanon não requer acompanhamento frequente. Isso reduz:
- Filas nas unidades de saúde
- Custos com consultas recorrentes
- Necessidade de estoque mensal de contraceptivos
O Ministério da Saúde calcula que o investimento inicial se paga em menos de dois anos, considerando a economia com outros métodos e a prevenção de gestações não planejadas.
Quem poderá receber o implante gratuitamente
A partir da implementação, todas as mulheres em idade reprodutiva (18 a 49 anos) poderão solicitar o Implanon nas Unidades Básicas de Saúde. Não haverá distinção por renda, região ou qualquer outro critério excludente.
Grupos que terão prioridade inicial
Durante os primeiros meses, algumas populações receberão atenção especial:
- Mulheres em situação de vulnerabilidade social
- Moradoras de regiões com difícil acesso a serviços de saúde
- Pacientes com condições médicas que tornam a gravidez de alto risco
- Mulheres que já tiveram gestações não planejadas recorrentes
Essa priorização visa maximizar o impacto inicial do programa, mas não exclui outras mulheres interessadas no método.
Avaliação médica individualizada
Cada caso será analisado por profissionais de saúde capacitados. Algumas condições podem contraindicar o uso:
- Suspeita de gravidez atual
- Histórico de trombose ou problemas cardiovasculares graves
- Sangramento vaginal não diagnosticado
- Alguns tipos de câncer hormônio-dependentes
Para mais informações sobre saúde feminina e métodos contraceptivos, o site Bula Remédio disponibiliza conteúdo educativo atualizado regularmente.
Processo de implementação nas unidades de saúde
A logística de distribuição do Implanon foi cuidadosamente planejada pelo Ministério da Saúde. O processo envolve múltiplas etapas para garantir segurança e eficiência.
Capacitação profissional em massa
Médicos e enfermeiros de todo o país passarão por treinamento específico que inclui:
- Fase teórica: 16 horas sobre farmacologia e indicações
- Prática supervisionada: inserção em modelos anatômicos
- Certificação: avaliação prática com casos reais
- Educação continuada: atualizações periódicas online
Distribuição geográfica estratégica
As 500 mil unidades previstas para 2025 serão distribuídas proporcionalmente, considerando:
- Densidade populacional feminina em idade fértil
- Índices regionais de gravidez não planejada
- Infraestrutura existente nas unidades de saúde
- Histórico de demanda por contraceptivos
Estados do Norte e Nordeste receberão atenção especial devido aos indicadores de saúde reprodutiva dessas regiões.
Como será feita a aplicação
O procedimento de inserção do Implanon é surpreendentemente simples. Todo o processo leva cerca de 15 minutos e pode ser realizado no próprio consultório da unidade de saúde.
Passo a passo da aplicação
- Consulta inicial: conversa sobre histórico médico e expectativas
- Preparação: limpeza e anestesia local no braço não dominante
- Inserção: uso de aplicador específico que deposita o implante sob a pele
- Verificação: palpação para confirmar posicionamento correto
- Orientações: cuidados nas primeiras 48 horas
Acompanhamento pós-inserção
Após a aplicação, a mulher receberá:
- Cartão com data de validade do implante
- Orientações sobre possíveis alterações menstruais
- Agendamento para consulta de retorno em 3 meses
- Contato para dúvidas ou intercorrências
O procedimento de retirada, quando desejado ou após três anos, é igualmente simples e rápido.
Benefícios e possíveis efeitos colaterais
Como todo método contraceptivo, o Implanon apresenta vantagens e possíveis efeitos adversos que devem ser considerados.
Principais benefícios relatados
- Liberdade: não requer ação diária ou mensal
- Discrição: invisível sob a pele
- Reversibilidade: fertilidade retorna rapidamente após remoção
- Durabilidade: três anos de proteção contínua
- Eficácia: uma das maiores entre todos os métodos
Efeitos colaterais possíveis
A maioria das mulheres tolera bem o implante, mas algumas podem experimentar:
- Alterações no padrão menstrual (mais comum)
- Dores de cabeça leves
- Alterações de humor
- Ganho de peso moderado
- Acne em alguns casos
Estudos mostram que 80% das usuárias ficam satisfeitas com o método após um ano de uso. Os efeitos costumam diminuir após os primeiros meses.
Comparação com outros métodos disponíveis
O SUS já oferece diversos métodos contraceptivos. A chegada do Implanon amplia significativamente as opções disponíveis.
Método Contraceptivo | Duração | Taxa de Eficácia | Efeitos Colaterais Comuns |
---|---|---|---|
Implanon | 3 anos | >99% | Alterações menstruais, dores de cabeça, ganho de peso |
Pílula Anticoncepcional | Mensal | 91% | Náuseas, dores de cabeça, alterações de humor |
Preservativo Masculino | Por relação | 85% | Nenhum efeito colateral grave associado |
DIU de Cobre | 5-10 anos | 99% |
Fonte: Ministerio da Saúde do Brasil
Vantagens comparativas
O Implanon se destaca por combinar:
- Alta eficácia do DIU
- Hormônios em dose baixa e constante
- Duração intermediária (nem tão curta, nem tão longa)
- Facilidade de remoção quando desejado
Cronograma e próximos passos
O Ministério da Saúde estabeleceu um calendário detalhado para a implementação do programa.
Fases de implementação
Julho-Agosto 2025:
- Publicação da portaria oficial
- Início da compra dos implantes
- Abertura de inscrições para capacitação
Setembro-Outubro 2025:
- Treinamento dos primeiros profissionais
- Chegada dos implantes aos estados
- Preparação das unidades de saúde
Novembro-Dezembro 2025:
- Início das aplicações em capitais
- Expansão gradual para o interior
- Monitoramento dos primeiros resultados
Metas para 2026
O programa prevê expansão progressiva:
- Alcançar 1,8 milhão de mulheres até dezembro de 2026
- Treinar 50 mil profissionais de saúde
- Disponibilizar o método em 5.570 municípios
- Reduzir em 15% as gestações não planejadas nas regiões atendidas
A disponibilização gratuita do Implanon representa um avanço significativo na saúde reprodutiva brasileira. Ao eliminar a barreira financeira de um método que custava até R$ 4 mil, o SUS democratiza o acesso a uma tecnologia contraceptiva moderna e eficaz.
Os números falam por si: com investimento de R$ 245 milhões, o programa tem potencial para prevenir centenas de milhares de gestações não planejadas, reduzir a mortalidade materna e dar mais autonomia às mulheres sobre seus projetos de vida.
Dúvidas Frequentes
1. Quando exatamente o Implanon estará disponível no meu município?
O Implanon começará a ser distribuído no segundo semestre de 2025, iniciando pelas capitais e grandes centros urbanos. Cada município receberá os implantes conforme o cronograma estadual, que será divulgado pelas secretarias de saúde locais.
2. Preciso pagar alguma taxa para colocar o Implanon no SUS?
Não. O Implanon será totalmente gratuito no SUS, incluindo o dispositivo, a aplicação e o acompanhamento. Nenhuma taxa pode ser cobrada em unidades públicas de saúde.
3. O Implanon engorda?
Algumas mulheres podem ter pequeno ganho de peso (média de 2-3 kg), mas isso varia individualmente. Estudos mostram que 60% das usuárias mantêm o peso estável durante o uso do Implanon.
4. Posso remover o Implanon antes dos 3 anos?
Sim. O implante pode ser removido a qualquer momento, mediante solicitação. A fertilidade geralmente retorna em 3-4 semanas após a remoção.
5. Adolescentes podem usar o Implanon pelo SUS?
Adolescentes a partir da menarca (primeira menstruação) podem usar o método, preferencialmente com acompanhamento de responsável. O sigilo médico é garantido conforme legislação.
6. O Implanon interfere na menstruação?
Sim, é comum haver alterações. Cerca de 20% das mulheres param de menstruar, 50% têm sangramento irregular nos primeiros meses, e 30% mantêm ciclos regulares.
7. Quem tem varizes pode usar o Implanon?
Varizes simples não contraindicam o uso. Porém, histórico de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar requer avaliação médica individualizada.
8. O Implanon protege contra doenças sexualmente transmissíveis?
Não. O Implanon previne apenas a gravidez. Para proteção contra ISTs/HIV, é necessário usar preservativo em todas as relações sexuais.