A frase “Este medicamento é contraindicado em caso de suspeita de dengue. Ao persistirem os sintomas, um médico deverá ser consultado” está presente em campanhas publicitárias há anos, sendo um lembrete importante, especialmente no contexto da atual epidemia de dengue. Ao tomar medicamentos para febre e dores, é fundamental saber que, em alguns casos, essas substâncias podem piorar os sintomas ou até mesmo agravar o quadro clínico da doença. Com a intensificação da epidemia de dengue, é vital entender os riscos e tomar as decisões corretas sobre o tratamento.
Sintomas da dengue: como identificar a doença
A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, e seus sintomas iniciais podem ser confundidos com outras condições, como gripe ou resfriado. Entre os principais sinais estão:
- Febre alta (39°C a 40°C)
- Dores no corpo e nas articulações
- Dor de cabeça severa, sobretudo atrás dos olhos.
- Fadiga e mal-estar
- Manchas vermelhas na pele
- Náuseas e vômitos
Em muitos casos, a pessoa recorre a analgésicos e anti-inflamatórios, como paracetamol ou ibuprofeno, para aliviar esses sintomas. No entanto, se houver suspeita de dengue, é importante evitar certos medicamentos, como você verá a seguir.
Por que alguns medicamentos são contraindicados na dengue?
Muitos analgésicos e anti-inflamatórios amplamente usados em casos de febre e dor podem agravar os sintomas da dengue e aumentar os riscos de complicações graves. Os principais medicamentos que devem ser evitados incluem:
- Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) como ibuprofeno e diclofenaco
- Ácido acetilsalicílico (aspirina), que tem efeito anticoagulante
Esses medicamentos, ao serem usados em casos de suspeita de dengue, podem aumentar o risco de sangramentos e agravar a acidez no sangue, o que pode levar a complicações como hemorragias internas, choque e até falência múltipla dos órgãos. Além disso, eles podem interferir na coagulação do sangue, prejudicando ainda mais a resposta do corpo à infecção.
Tratamento adequado: o que fazer em caso de suspeita de dengue?
Em caso de suspeita de dengue, a prioridade é buscar hidratação adequada, que é fundamental no tratamento da doença. O principal cuidado inicial é garantir que o paciente beba de 60 a 80 ml de líquidos por cada kg de peso corporal, pois a dengue pode levar à desidratação grave. A reposição de líquidos contribui para a manutenção da pressão arterial e previne a piora da enfermidade.
Quanto à medicação, paracetamol e dipirona são indicados para aliviar a febre e as dores. No entanto, é essencial que o tratamento seja acompanhado por um médico, que pode fazer a avaliação clínica e os exames necessários.
O que NÃO fazer: medicações e suplementos inadequados
Embora seja comum recorrer a remédios caseiros ou suplementos para “fortalecer” o sistema imunológico, frutas cítricas, vegetais, chás e suplementos vitamínicos não são eficazes para curar ou prevenir a dengue. Não há comprovação científica de que alimentos, como sucos de limão, própolis ou outros, possam influenciar na evolução da doença. Na verdade, confiar nessas alternativas pode atrasar a busca por atendimento médico e colocar a vida em risco, já que não possuem efeito comprovado.
A Ivermectina pode tratar a dengue?
A ivermectina foi estudada como possível tratamento antiviral para várias doenças, incluindo a dengue. No entanto, não há evidências científicas que comprovem sua eficácia no combate ao vírus da dengue. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde não recomendam o uso da ivermectina no tratamento ou prevenção da doença, pois os estudos realizados até agora não demonstraram benefícios clínicos significativos.
Prevenção: a importância da vacinação
A melhor maneira de prevenir a dengue é a vacinação. O Butantan está desenvolvendo uma vacina candidata contra a dengue (Butantan-DV), que está em fase final de ensaios clínicos e promete ser uma grande aliada no combate à doença. Esta vacina, que abrange os quatro sorotipos do vírus da dengue, mostrou uma eficácia média de 80% em estudos clínicos. Sua aprovação e disponibilização para a população podem representar um grande avanço na prevenção da doença.
Quando procurar atendimento médico?
É fundamental procurar atendimento médico ao notar qualquer sintoma suspeito de dengue, principalmente se ele for acompanhado de febre alta, dor de cabeça intensa e dores no corpo. Se os sintomas se agravarem, com sinais de dor abdominal intensa, sangramentos nasais ou gengivais, ou diminuição da quantidade de urina, a procura por ajuda médica deve ser imediata.
Em hospitais, exames como o NS1, RT-PCR, e IgM/IgG podem ser realizados para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da doença. A ação imediata é vital para evitar complicações e aprimorar o prognóstico.
Como diferenciar a dengue clássica da dengue grave?
A dengue clássica pode ser tratada em casa com o devido acompanhamento médico. Contudo, se a doença evoluir para a dengue com sinais de alarme ou dengue grave, o quadro se torna mais sério, podendo levar a complicações fatais. Sinais de alerta incluem:
- Dor abdominal intensa e contínua
- Sangramentos nasais ou gengivais
- Vômitos excessivos
- Diminuição da urina
Nesses casos, a hospitalização é necessária para evitar complicações como choque, falência orgânica e até morte.