Imagine viver com dores incapacitantes todo mês, ter dificuldade para engravidar e esperar anos por um diagnóstico correto? Essa é a realidade de mais de 190 milhões de mulheres ao redor do mundo que convivem com a endometriose. No Brasil, aproximadamente 10% das brasileiras em idade reprodutiva sofrem com a doença.
Mas há boas notícias: O Sistema Único de Saúde (SUS) passará a disponibilizar duas novas opções de tratamento para a endometriose: o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU-LNG) e o desogestrel. Essas tecnologias foram recentemente incorporadas à rede pública após recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).
O que é endometriose e por que ela afeta tantas mulheres
A endometriose acontece quando o tecido que normalmente reveste o útero (endométrio) decide fazer uma “viagem” não autorizada pelo corpo. Esse tecido cresce fora da cavidade uterina, podendo se instalar em órgãos como ovários, intestino e bexiga, causando reações inflamatórias. Durante o ciclo menstrual, esse tecido “perdido” continua respondendo aos hormônios como se ainda estivesse no útero. O resultado? Inflamação, dor intensa e formação de aderências que podem comprometer seriamente a qualidade de vida.
Sintomas que você não deve ignorar
A endometriose é conhecida como a “doença silenciosa”, mas ela deixa pistas importantes. Fique atenta aos seguintes sinais:
Sintomas principais:
- Cólicas menstruais intensas que não melhoram com analgésicos comuns
- Dor pélvica crônica fora do período menstrual
- Dor durante as relações sexuais (dispareunia)
- Infertilidade ou dificuldade para engravidar
- Alterações intestinais e urinárias durante a menstruação
Sinais de alerta adicionais:
- Fadiga crônica inexplicável
- Inchaço abdominal antes e durante a menstruação
- Sangramento menstrual intenso ou irregular
- Dor ao evacuar durante o período menstrual
É fundamental entender que “dor intensa não é normal”. Se os sintomas interferem nas suas atividades diárias, procure ajuda médica imediatamente.
Os novos tratamentos incorporados ao SUS em 2025
O Ministério da Saúde anunciou em julho de 2025 a incorporação de duas novas opções terapêuticas que prometem fazer a diferença no tratamento da endometriose:
- DIU-LNG: Trata-se de um dispositivo intrauterino que libera o hormônio levonorgestrel, visando suprimir o crescimento do tecido endometrial fora do útero. Sua troca é recomendada a cada cinco anos, o que pode contribuir para maior adesão ao tratamento, especialmente em mulheres com contraindicação ao uso de contraceptivos orais combinados.
- Desogestrel: É um anticoncepcional hormonal que atua bloqueando a atividade hormonal, impedindo o crescimento do endométrio fora do útero. Pode ser utilizado como primeira linha de tratamento, sendo prescrito já na avaliação clínica, mesmo antes da confirmação diagnóstica por meio de exames.
Disponibilidade no SUS
Embora as portarias de incorporação tenham sido publicadas em maio de 2025, o Ministério da Saúde informou que, para que os tratamentos estejam disponíveis na rede pública, é necessário o cumprimento de etapas como a atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Endometriose. Após essa atualização, estima-se que os tratamentos possam ser oferecidos em até 180 dias.
Outros tratamentos já disponíveis na rede pública
Além dos novos métodos, o SUS já oferece outras opções para o tratamento da endometriose:
Tratamento clínico:
- Terapia hormonal com progestágenos
- Contraceptivos orais combinados (COCs)
- Análogos do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas)
- Analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor
- Acompanhamento multidisciplinar
Tratamento cirúrgico:
Quando o tratamento clínico não é suficiente, existem opções cirúrgicas:
- Videolaparoscopia: técnica minimamente invasiva para remoção de focos
- Laparotomia: cirurgia aberta para casos mais complexos
- Histerectomia: remoção do útero em situações específicas e após avaliação criteriosa
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Dúvidas Frequentes
O DIU-LNG é o mesmo que o DIU comum?
Não. O DIU-LNG libera o hormônio levonorgestrel continuamente, tendo ação terapêutica específica para endometriose. O DIU comum (de cobre) não tem essa função hormonal e não é indicado para o tratamento da doença.
Quanto tempo demora para os novos tratamentos fazerem efeito?
O alívio dos sintomas varia de pessoa para pessoa. Com o desogestrel, algumas mulheres relatam melhora nas primeiras semanas. O DIU-LNG pode levar de 3 a 6 meses para mostrar resultados significativos.
Posso escolher qual tratamento usar?
A escolha do tratamento deve ser feita junto com seu médico, considerando seu histórico de saúde, contraindicações e objetivos pessoais, como o desejo de engravidar.
Os novos tratamentos causam infertilidade?
Não causam infertilidade permanente. O DIU-LNG pode ser removido quando desejar engravidar, e a fertilidade geralmente retorna rapidamente. O mesmo vale para o desogestrel após a interrupção do uso.
Preciso pagar algo pelos tratamentos no SUS?
Não. Todos os tratamentos para endometriose oferecidos pelo SUS são completamente gratuitos, incluindo consultas, exames, medicamentos e cirurgias quando necessárias.
Qual a diferença entre endometriose superficial e profunda?
A endometriose superficial atinge até 5mm de profundidade nos tecidos. A profunda penetra mais de 5mm e pode afetar órgãos como intestino e bexiga, geralmente requerendo tratamento mais complexo.
É possível engravidar tendo endometriose?
Sim, muitas mulheres com endometriose conseguem engravidar, especialmente com tratamento adequado. Em alguns casos, podem ser necessárias técnicas de reprodução assistida.
Os sintomas da endometriose pioram com o tempo?
Sem tratamento, a endometriose tende a progredir e os sintomas podem se intensificar. Por isso, o diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais para controlar a doença.