As substâncias químicas conhecidas como disruptores endócrinos têm sido uma preocupação crescente entre profissionais da saúde e cientistas, devido aos seus efeitos nocivos sobre o sistema hormonal humano. Embora a maioria delas tenha nomes complicados como bisfenol A, ftalatos e éteres de difenila polibromados, esses compostos estão presentes em muitos produtos de uso diário, como plásticos, móveis e alimentos. Eles têm a capacidade de interferir no funcionamento das glândulas e hormônios, gerando impactos significativos na saúde humana. A seguir, veja os efeitos desses químicos, como podemos reduzir a exposição a eles e quais medidas públicas podem ser adotadas para protegermos a saúde da população.

O que são disruptores endócrinos?

Os disruptores endócrinos são substâncias químicas que interferem no sistema endocrinológico, responsável pela produção e regulação dos hormônios no corpo humano. O sistema endocrinológico é composto por glândulas como o pâncreas, as suprarrenais e a tireoide, e é muito importante para a produção de hormônios como a insulina, o cortisol e o T3. Quando os disruptores endócrinos entram no corpo, eles podem se encaixar nos receptores hormonais, prejudicando o desenvolvimento e funcionamento normal das glândulas e hormônios.

Essas substâncias possuem uma estrutura química semelhante à dos hormônios, o que lhes permite se ligar aos mesmos receptores nas células e afetar a produção e a ação dos hormônios. Com isso, eles podem desregular processos importantes do organismo e levar a uma série de complicações de saúde.

Exemplos comuns de disruptores endócrinos

Entre os disruptores endócrinos mais conhecidos estão o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. O BPA é utilizado na fabricação de plásticos, como garrafas e embalagens, e pode ser encontrado em recipientes de alimentos. Já os ftalatos estão presentes em plásticos flexíveis, como brinquedos, cosméticos e produtos de higiene pessoal. Além desses, substâncias como éteres de difenila polibromados (utilizados como retardantes de chamas em móveis) e pesticidas também são classificadas como disruptores endócrinos.

A exposição a essas substâncias pode ocorrer de diversas formas, incluindo contato com plásticos, alimentos processados, poluição atmosférica e até mesmo produtos de limpeza. O grande problema é que a exposição constante a esses compostos químicos pode acumular-se no organismo e prejudicar a saúde ao longo do tempo.

Efeitos à saúde dos disruptores endócrinos

Diversos estudos demonstram os impactos negativos dos disruptores endócrinos na saúde humana. Uma revisão publicada no periódico The Lancet em 2020 destacou algumas das condições associadas à exposição a essas substâncias. Entre os efeitos mais comuns estão o comprometimento do QI, transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), autismo, obesidade, diabetes, infertilidade e alguns tipos de câncer, como o câncer no testículo e endometriose.

No Brasil, estudos mostraram que a exposição a poluentes e químicos presentes no ambiente, como aqueles encontrados em regiões petroquímicas, está relacionada a um aumento de doenças como a inflamação na tireoide e problemas reprodutivos, como a infertilidade. Além disso, pesquisas com roedores expostos ao ar poluído de grandes cidades indicam uma diminuição na qualidade do esperma, o que pode explicar o aumento da infertilidade entre casais humanos.

Tipos de estudos científicos sobre disruptores endócrinos

A ciência sobre os disruptores endócrinos ainda está em evolução. Existem três tipos principais de estudos sobre o impacto dessas substâncias na saúde humana:

  1. Estudos Epidemiológicos: Eles avaliam a relação entre a exposição a substâncias e a ocorrência de doenças em seres humanos. Esses estudos observam populações expostas a diferentes níveis de químicos, mas não conseguem estabelecer causalidade definitiva.
  2. Pesquisas Experimentais: Trabalhos com roedores e células em laboratório ajudam a entender a relação de causa e efeito entre a exposição aos disruptores e as doenças. Esses estudos fornecem uma visão mais detalhada, mas ainda existem limitações, como a dificuldade de replicar as condições humanas.
  3. Estudos de Exposição Combinada: Um dos maiores desafios é entender o impacto da exposição simultânea a múltiplos disruptores endócrinos, algo que é muito difícil de avaliar em pesquisas laboratoriais.

Grupos mais vulneráveis

Alguns grupos populacionais são mais suscetíveis aos efeitos dos disruptores endócrinos. A exposição durante períodos críticos do desenvolvimento humano, como na fase intrauterina (gestação), infância e adolescência, pode ter consequências mais graves para a saúde. Nesse período, as células estão em intensa renovação e, portanto, são mais vulneráveis às interferências hormonais.

Além disso, a exposição transgeracional é uma preocupação crescente. Isso significa que, se os pais ou avós forem expostos a disruptores endócrinos, isso pode afetar as futuras gerações, predispondo-as a doenças como infertilidade, obesidade e até mesmo câncer.

Plásticos, Alimentos e Ar: Onde Estão os Disruptores Endócrinos que Prejudicam Sua Saúde
Plásticos, alimentos e ar: onde estão os disruptores endócrinos que prejudicam sua saúde. Imagem: Freepik

Medidas de prevenção individual

Embora seja difícil evitar completamente os disruptores endócrinos devido à presença deles no ambiente, existem algumas medidas práticas que as pessoas podem adotar para reduzir a exposição:

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