De acordo com estimativas de especialistas, entre 1 a 3% da população mundial exibe características relacionadas à psicopatia. Isso equivale a aproximadamente uma em cada 30 pessoas, totalizando cerca de 6 milhões de indivíduos psicopatas apenas no Brasil. Diante desses números expressivos, torna-se fundamental abordar esse distúrbio complexo, explorando suas causas, fatores influenciadores e formas de apoio disponíveis.
O que é a psicopatia?
A psicopatia, também conhecida como sociopatia ou transtorno da personalidade antissocial, é uma condição psicológica caracterizada pela ausência de empatia e desprezo pelas normas e obrigações sociais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela manifesta-se através de comportamentos que divergem consideravelmente das normas sociais estabelecidas, resistência à modificação de condutas por meio de punições, baixa tolerância à frustração e tendência a culpar os outros ou fornecer explicações para justificar ações conflitantes com a sociedade.
Características marcantes de um psicopata
Existem algumas características comumente associadas à psicopatia:
Ausência de empatia
Embora a ideia popular sugira que psicopatas não conseguem sentir empatia, a realidade é mais complexa. Eles podem, seletivamente, demonstrar algum tipo de afeto por determinadas pessoas ou em situações específicas. Essa habilidade de escolher os faz ainda mais manipuladores e disfarçados em suas interações interpessoais.
Impulsividade e agressividade
Pessoas com psicopatia têm dificuldade em lidar com contratempos, rejeições ou frustrações. Consequentemente, reagem de forma impulsiva e agressiva, sem se importar com os sentimentos ou o envolvimento de outros ao seu redor.
Egocentrismo e megalomania
O orgulho e a certeza absoluta de que estão certos são traços marcantes dos psicopatas. Essa convicção inabalável os impede de sentir medo ou remorso por suas ações, levando-os a ignorar as consequências de seus atos.
Mentiras patológicas
A mentira é tão intrínseca aos psicopatas que, muitas vezes, eles próprios não conseguem distinguir a verdade da ficção. Não há preocupação em se aproveitar da boa-fé alheia, desde que isso os beneficie.
Busca por emoções fortes
Incapazes de sentir medo ou preocupação em gerar medo nos outros, os psicopatas buscam constantemente desafios que desafiem as regras e os tirem da monotonia, em busca de adrenalina.
Comportamento antissocial
As normas e parâmetros sociais não fazem sentido para os psicopatas, que buscam constantemente quebrá-los para se sentirem grandiosos e orgulhosos de si mesmos.
Falta de emoção genuína
Relacionamentos emocionais verdadeiros, como amor e afeto, não são prioridades para os psicopatas. Eles se envolvem com outras pessoas apenas para obter benefícios pessoais.
Psicopatia na infância: sinais de alerta
Os sinais da psicopatia podem ser observados desde a infância, embora sejam classificados como Transtorno de Conduta até os 18 anos. É fundamental que os pais fiquem atentos a comportamentos como desobediência, crueldade, mentiras constantes, ausência de remorso ou culpa, desafio à autoridade, maus-tratos a irmãos, colegas ou animais de estimação, intolerância à frustração, violação de regras sociais, preocupação apenas com interesses e ganhos pessoais, frieza emocional, sexualidade precoce acentuada e introdução precoce ao álcool, drogas e outros vícios.
Como identificar um psicopata?
Em 1991, o psicólogo canadense Robert D. Hare, especialista em psicologia criminal e psicopatia, desenvolveu a Escala de Robert Hare, também conhecida como “Checklist” de 20 itens. Essa ferramenta auxilia na identificação ou diagnóstico da psicopatia, atribuindo uma pontuação com base em características como impulsividade, afeto, autoestima, culpa, agitação, histórico comportamental, sexualidade, capacidade de manipulação, versatilidade criminal e relação com negações e frustrações.
Uma pontuação igual ou superior a 30 (o máximo é 40), aliada a considerações sobre anatomia cerebral, genética e ambiente, pode indicar a presença de psicopatia. No entanto, é importante ressaltar que apenas profissionais devidamente capacitados, como psiquiatras ou psicólogos clínicos, podem aplicar e avaliar adequadamente essa escala.
Testes de Psicopatia
Existem vários testes projetados para avaliar a psicopatia, como o Hare Psychopathy Checklist (PCL-R), o Psychopathy Checklist: Screening Version (PCL:SV) e o Antisocial Process Screening Device (APSD). Esses testes são administrados por profissionais treinados, como psiquiatras ou psicólogos clínicos, e avaliam características como falta de empatia, impulsividade e irresponsabilidade.
É fundamental buscar ajuda de profissionais qualificados se houver suspeita de psicopatia em você ou em alguém próximo, pois se trata de um transtorno mental grave que requer acompanhamento especializado.
Sinais de alerta
Alguns dos sinais que podem indicar a presença de psicopatia incluem:
- Falta de empatia ou compaixão pelos outros
- Ausência de arrependimento ou culpa
- Mentiras frequentes e manipulação de outras pessoas para obter benefícios pessoais
- Impulsividade e falta de planejamento a longo prazo
- Comportamento agressivo e violência
- Falta de responsabilidade e negligência com obrigações e compromissos
- Histórico de comportamento criminoso
- Arrogância e sentimento de superioridade
- Desrespeito pelas normas sociais e leis
É importante ressaltar que esses sinais podem variar de pessoa para pessoa, e uma avaliação completa realizada por um profissional qualificado é fundamental para determinar se alguém possui essa condição.
Diferença entre sociopatia e psicopatia
Embora os termos “sociopatia” e “psicopatia” sejam frequentemente utilizados de forma intercambiável, alguns especialistas apontam diferenças entre eles. Ambos compartilham características como desrespeito por normas, leis e costumes, desacato aos direitos alheios, tendência a comportamentos violentos e falta de culpa e remorso.
No entanto, os sociopatas tendem a ser mais agitados e nervosos, vivendo à margem da sociedade e raramente conseguindo manter relacionamentos, empregos ou ambientes por longos períodos. Eles exibem desabafos agressivos e emocionais, como explosões de ira. A principal distinção em relação aos psicopatas é que os sociopatas são capazes de criar vínculos e apegos com determinadas pessoas ou grupos, embora de forma menos planejada ou manipuladora.
Mitos sobre a psicopatia
Assim como qualquer generalização de ideias, a psicopatia também está envolta em mitos que precisam ser esclarecidos:
“Todo psicopata é violento”
Embora a raiva e as explosões desmedidas sejam características marcantes dos psicopatas, nem todos eles são necessariamente violentos.
“Todo psicopata sofre de psicose”
Ao contrário da crença popular, os psicopatas costumam ser bastante realistas, racionais e ter consciência de seus atos.
“A psicopatia não tem tratamento ou cura”
Muitas pessoas acreditam que seja impossível tratar ou curar um paciente diagnosticado com psicopatia, mas a verdade é que quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento forem realizados, melhores serão os resultados.
Tratamento da psicopatia
A identificação precoce dos sinais de psicopatia, desde a infância ou juventude, é fundamental para um tratamento eficaz. Cabe principalmente aos pais e responsáveis a tarefa de observar atentamente o comportamento dos filhos e buscar ajuda de um especialista, como psicólogos e psiquiatras, ao perceberem quaisquer sinais preocupantes.